Se tivéssemos que pensar em um ícone de Jerusalém, não poderíamos deixar de lembrar do Muro das Lamentações. O Muro, considerado o atual local mais sagrado para os judeus, fica localizado na parte ocidental da Antiga Jerusalém e representa extrema importância para a história e fé judaica. Para entender melhor a sua relevância, vamos mergulhar no tempo e na história de Israel.
No século X a.C. , Salomão construiu, sob o Monte do Templo, o Primeiro Templo (Templo de Salomão), local onde era realizado o culto central a Yahweh (Javé), o Deus de Israel. Era nele onde ficava a Arca da Aliança, na qual objetos sagrados como as Tábuas dos Dez Mandamentos, a Vara de Arão e um vaso do Maná eram guardados. Esses objetos representavam a aliança de Deus com o povo de Israel e a Arca, a própria presença de Deus. Porém, em 586 a.C., o Templo de Salomão é totalmente destruído pelos babilônios.
Em 538 a.C., um ano após a queda do Império Babilônico, é iniciada a construção do Segundo Templo, sob o mesmo local onde se localizara as o Primeiro Templo. Por volta de 20 a.C. a construção foi reformada e ampliada por Herodes, o Grande e passou a ser conhecida como Templo de Herodes. Mais tarde, ainda sob domínio romano, eclode a Grande Revolta Judaica. Em reação, no ano de 70 d.C., o Império Romano destrói completamente o Segundo Templo, remanescendo apenas uma de suas muralhas externas: o Muro das Lamentações.
Segundo os judeus, a razão de restar ainda uma parte em pé é explicada devido a uma promessa de Deus que, como representação do elo com esse povo, lhes garantiu a resistência pelo menos parte da construção do complexo do Templo.
Durante o período de domínio bizantino (324-636), os judeus eram proibidos de ir ao Muro, com exceção de um dia ao ano (Tishá be Av), quando podiam chorar pelo Templo destruído. Daí o nome Muro das Lamentações.
No século sétimo, os muçulmanos conquistaram Jerusalém e, em 691, construíram o Domo da Rocha no local onde estavam os Templos, antes de suas destruições. No mesmo período, também foi construída a Mesquita de Al-Aqsa, também em área correspondente a que estiveram os Templos. Essa área é conhecida como Esplanada das Mesquitas seu o acesso não é permitido aos judeus (o Muro das Lamentações está fora desse perímetro).
Entre 1948 e 1963, Jerusalém estava politicamente dividida, estando a Esplanada das Mesquitas e o Muro das Lamentações sob domínio da Jordânia, o que impedia o acesso do Muro pelos judeus. Porém, a toda a Cidade Antiga de Jerusalém foi recapturada por Israel na Guerra dos Seis Dias, e a entrada ao Muro, novamente liberada aos judeus (a Esplanada das Mesquitas continua inacessível a eles, sob domínio muçulmano).
O Muro é local para rezar, é o espaço de reunião no Shabat e o onde se precede à introdução de adolescentes na lei dos judeus. Ele é dividido em duas “seções” – uma masculina e outra feminina, para onde os judeus se dirigem para fazerem suas orações. É comum deixar papeizinhos entre as pedras, com pedidos anotados. Também há o interessante hábito de, na hora de ir embora do Muro, não se virar e dar as costas para ele, por questão de respeito. Então não estranhe se encontrar pessoas andando de ré para sair do muro!
Para visitar o Muro das Lamentações, há necessidade de testes de detectores de metais e revistas. Mulheres: não se esqueçam de levar um lenço para cobrir os ombros, caso esteja vestindo blusinhas regatas/alças que deixem o ombro à mostra (o que você provavelmente vai vestir muito se for no verão, acredite!) e vistam calças/bermudas abaixo do joelho. Homens: levem um boné/chapéu para cobrir a cabeça. Eles são bem rigorosos quanto a isso.
E aí, curtiu? Nós próximos posts continuarei com a sequência dos pontos imperdíveis de Israel. Até lá!